O rockstar e empreendedor Bruce Dickinson, vocalista da banda Iron Maiden, encerrou há pouco sua participação na Campus Party, que acontece durante esta semana em São Paulo. Ele subiu no palco principal às 13h e falou por pouco mais de uma hora. Nos bastidores, o que se dizia é que Bruce estaria bastante irritado com a pressão em torno do evento, e isso transpareceu com uma agitação perceptível durante sua presença.
Bruce Dickinson é um dos palestrantes magistrais da feira deste ano, que conta ainda que os mega empreendedores Silvio Meira, presidente do Porto Digital e fundador da rede de investidores Ikewai, e John Lunn, diretor da PayPal, entre outros. Apesar da introdução com heavy metal, bem diferente do tom geral do evento, Dickinson não deu espaço para falar da banda que integra. Ao invés disso, expôs suas visões sobre empreendedorismo, em especial como transformar consumidores comuns em “fãs de uma marca”.
Segundo o vocalista, a maior parte das empresas do ramo de tecnologia acabam falindo por não conseguirem imprimir um estilo próprio no serviço que oferecem. “Você não vende apenas uma coisa, mas uma proposta, um relação com a pessoa do outro lado da linha. Tem a ver com confiança, é uma relação emocional”, ele explicou em seu discurso, citando como exemplo a gigante de design Apple. “Eles são o exemplo perfeito: são como uma religião”, disse.
O empresário falou também da importância de se manter conectado com as tendências comportamentais do público consumidor. Para ilustrar essa ideia, ele criticou a indústria fonográfica: “Eles não conseguiram acompanhar o que aconteceu depois que a Internet surgiu. Ao invés de perceberem que as pessoas não aceitariam mais pagar pelas mesmas músicas de novo e de novo, eles tentaram impor um modelo de consumo. Quando isso deu errado, acusaram os próprios fãs de roubo. Mandaram gente para cadeia. Mas o erro estava na ideia de que eles podiam dizer como os consumidores deviam se comportar”.
Sua visão sobre o caso é bem diferente: “Com a popularização da música na Internet, muito mais gente hoje tem vontade de ir aos shows, e isso dá muito dinheiro. Basta que as bandas façam músicas novas, porque só os fãs mais ardorosos vão ir no mesmo show mais de uma vez”.
Bruce aproveitou a ocasião para aconselhar os campuseiros sobre como aproveitar a Campus Party. “Não fique o tempo todo anotando tudo o que estão falando nas palestras. A única coisa que isso vai fazer por você é encher sua cabeça de bobagens. Vá nos seminários em que o assunto possa acrescentar algo ao que você já sabe, e que você goste, porque sem imaginação não há invenção. Fale com as pessoas, conheça quem está aqui. Eu tenho certeza – em algum lugar nessa semana está escondida uma ideia de um bilhão de dólares. Tudo o que vocês precisam para criar algo absolutamente brilhante está nesse mundo em que vocês se encontram agora. Observação é a chave. Sejam curiosos!”, exaltou.
Em um momento mais pessoal, Dickinson explicou um dos motivos de fazer tantas tours pelo Brasil, entre outras países do hemisfério sul. Enquanto ganhava experiência como piloto de avião, o vocalista percebeu que em determinadas épocas do ano muitas empresas aéreas abaixo do equador ficavam com mais de 30% da frota parada, o que tornava a locação de aviões algo muito barato.
“Pensamos bem e decidimos que poderíamos usar essa diferença de preço para fazer uma tour muito mais barato que o normal, unindo esses lugares com aviões parados. Os rapazes do Iron Maiden todos concordaram e então decidimos que onde o avião parasse, a gente faria um show. E essa diferença nas localidades fez a nossa base de fãs crescer de uma forma que as outras bandas não entendiam”, disse.
Ainda explicando sobre como encontrou sucesso financeiro com a banda, Dickinson falou sobre sua marca de cerveja própria, a Trooper. “Chegou uma hora que produz um CD deixou de ser lucrativo, mas as pessoas ainda ouvem a sua música. Então tive a ideia de fazer cerveja, e o que aconteceu é que passamos a vendê-la associada à música. O disco acabava sendo subsidiado pela bebida, porque a mesma pessoa só compra um DVD ou download uma vez, mas quantas cervejas ela bebe? Muitas! E o sucesso da cerveja vem da fama da música – já atingimos 2,5 milhões de litros da Trooper vendidos”, explicou.
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